Modas do mundo X vestes cristãs

Passadas as celebrações de Ano Novo, é pertinente uma reflexão (até mesmo para exame de consciência) sobre o modo de vestir do mundo e o modo de vestir cristão. Faço referência às festas de fim de ano, pois elas são um momento propício em que a vaidade nos leva a escolhas erradas no vestir e este é um bom ponto de partida para refletirmos sobre todo nosso proceder futuro.

Certa vez Jesus disse a Santa Ângela de Foligno (ela gostava de roupas curtas e das modas do mundo) estas palavras: "Quando a morte te arrancar deste mundo, cheio de vaidades e luxos sem razão, e chegardes a Minha Presença para ser julgada... vendo os pecados que os homens cometeram ao olhar para o teu corpo escassamente coberto, tu própria ficarás envergonhada". "Que pretexto poderás então apresentar-Me? Ai de ti mulher pelos teus escândalos! Ai de ti que perdeste o pudor e a vergonha! Porque procedes assim? Porque me crucificas novamente com os cravos da tua imodéstia? (...) As tuas modas, que tanto tentam, são diferentes das de uma atéia? Absolutamente nada! Podes até iludir-te, a ti própria dizendo: “Que mal há em seguir esta moda?” ou “As outras mulheres também o fazem!” e “Há sacerdotes que não proíbem e até aceitam!”. Esta ilusão é para ti, mas a realidade é bem outra diferente. (...) Se as outras mulheres se quiserem condenar, seguindo o que o mundo lhes apregoa, porque hás tu de te condenar?" Palavras duras, sim, necessárias! Muitas vezes nos acostumamos e esquecemos que estamos no mundo sem pertencermos a ele, passamos a achar que não tem nada demais usar um shortinho curto, uma blusa decotada, costas nuas, peças íntimas aparecendo, rapazes exibindo o máximo de músculo possíveis nas redes sociais... Esquecemos que devemos agir como cristãos que somos. Nosso amado Papa Emérito, Bento XVI, disse em 2006 que o mundo contemporâneo está perdendo o sentido de pecado, muito pregou contra a ditadura do relativismo, do subjetivismo. Tudo é "normal" e "inofensivo". Infelizmente é verdade, vamos afrouxando e acomodando. Ok, aperte os cintos e vamos em frente.


Nossa Senhora também disse a Jacinta, pastorinha de Fátima, as seguintes palavras: "Os pecados que levam mais almas para o Inferno são os pecados da carne. Virão umas modas que vão ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo. Os pecados do mundo são muito grandes. Se os homens soubessem o que é a eternidade, fariam de tudo para mudar de vida."

Enfim, sabendo que pelo olhar abre-se as portas às tentações e ao pecado, devemos ter o cuidado de não levar nossos irmãos a pecarem ao olhar para nós, pois assim também estamos pecando. Isso vale para mulheres e para homens! Alguns já muito acostumados com as coisas do mundo, mesmo depois de conhecer a história de Santa Ângela de Foligno, podem achar até exagero que o pecado contra a castidade e a pureza possa entrar em nossas vidas de forma tão corriqueira. O inimigo de Deus tem prazer em enganar o povo com meias verdades para agir livremente no meio de nós, despercebido. Muitas pessoas acham que mostrando um pouco mais estarão mais bonitas. "Vaidade, das vaidades! Tudo é vaidade", nos diz Eclesiastes 1,2. Algumas meninas, não familiarizadas com a vivência cristã, até se alegram em ouvirem inúmeros elogios (e diga-se de passagem, grosserias), ao sair na rua com roupas justíssimas, curtas ou decotadas, como se isso fosse algo positivo. Os rapazes também não escapam. Mas basta observar um pouco para comprovar que uma roupa modesta pode ser muito mais bonita e transmitir bons costumes e valores, sem ofender Nosso Senhor:

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Vamos com as Sagradas Escrituras, com o catecismo e com aqueles que Deus nos deu a conhecer por serem modelos de santidade, os santos. Vejamos o que é recomendável sobre a pureza no olhar, no vestir, no agir: 

Sagradas Escrituras:"Desvie o seu olhar de uma mulher bonita e não fite uma beleza que não pertence a você. Muitos já se perderam por causa de uma bela mulher, porque o amor por ela queima como fogo." (Eclesiástico 9,8). Direto e claro. “Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem”, diz Jó (Job 31, 1). "Sequer uma virgem", se refere àquela que é ainda inocente e que portanto muitos poderiam achar inofensivo lançar o olhar para ela. Nos diz Jeremias: “Meus olhos me roubaram a vida” (Jer 3, 51). As palavras de São Paulo em I Cor 4,9 também se aplicam a nós: “Somos o espetáculo dos anjos e dos homens”. “A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens” (Filip 4, 5).

Catecismo (CIC 2521-2523):

“A pureza exige o pudor. Este é uma parte integrante da temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenando castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união... O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir… Torna-se discrição… O pudor inspira um modo de viver que permite resistir às solicitações da moda e à pressão das ideologias dominantes."

Santos:

“Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência.” (Santo Agostinho). / “Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade”. E acrescenta: “Quem contempla objeto perigoso, começa a querer o que antes não queria”. (São Gregório) / “Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la.” (Santo Agostinho). / “Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma” (São Gregório). / E dizia São Francisco de Sales“Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas”. / "Com seus atrativos rebuscados e indecentes, logo darão a entender que são um instrumento de que se serve o inferno para perder as almas. Só no tribunal de Deus saber-se-á o número de pecados de que foram causa." (São João Maria Vianney). É, os santos foram bem radicais! O mundo carece disso.

Ao final deste post, que cada leitor possa refletir se vive a pureza de forma concreta, não só nas celebrações festivas, mas em todo seu proceder, especialmente no que se refere o post: no modo de vestir, de olhar e agir com o próximo. Que nas metas para este ano de 2014, possamos fazer o propósito de buscar verdadeiramente a santidade, nas pequenas coisas, como o simples ato de abrir o guarda-roupas e escolher algo para usar. Peça sinceramente ajuda do Espírito Santo e à Virgem Maria para inspirar-lhe aquilo que agrada a Deus e aquilo que pode ferir a pureza e castidade, própria e do outro. Tenho certeza que aos poucos irá nascendo no coração a docilidade e a compreensão acerca dessas coisas e o gosto por viver a pureza num sentido mais amplo. E caso você já tenha esta vivência, leitor(a), peça a Deus a graça da perseverança para vivê-lo não só em 2014, mas sempre, sendo um testemunho cristão num mundo cada vez mais desvirtuado.

"Eu quero que todos vocês, meus queridos filhos, combatam com o exemplo e sem o respeito humano uma batalha contra a moda indecente. Deus está com vocês e irá salvá-los!" (São Pio de Pietrelcina, Padre Pio)
Deus te abençoe e Nossa Senhora seja sempre teu auxílio!